Em resposta à ofensiva policial contra
partidários de Mohamed Morsi (presidente deposto em julho deste ano
pelos militares), que resultou na morte de pelo menos 683 pessoas no
Cairo na quarta-feira (14), a Coalizão Nacional de Defesa da
Legitimidade, formada por grupos islamitas ligados a Morsi, convocou a
"Sexta-feira da Ira", dia de protestos em todo país.
Segundo a Irmandade Muçulmana, até o momento, cerca de 100 pessoas
morreram em enfrentamentos no bairro de Ramsés, no centro do Cairo. Por
enquanto, o Ministério da Saúde não confirmou o número de vítimas no
país. Segundo fontes das forças de segurança do Egito, pelo menos 236
pessoas foram detidas, entre elas três estrangeiros - um afegão e dois
sírios.
Diante do anúncio da nova onda de manifestações, as Forças Armadas
egípcias, que atualmente controlam o país, reforçaram logo pela manhã
seu contingente e armamento em diversos pontos do centro da capital
egípcia, principalmente nas imediações da Praça Tahrir e nas pontes
sobre o Rio Nilo. Segundo pessoas que estão no local, todas as ruas que
dão acesso à Praça Tahrir foram bloqueadas pelos militares, que, além
dos reforços, também enviaram diversos carros blindados à região. Com a permissão das forças de segurança de usarem armas letais para reprimir tentativas de depredação de edifícios governamentais, espera-se uma nova onda de violência pelas ruas do Cairo.
Em comunicado, a Irmandade Muçulmana diz a seus seguidores que sua luta
é um "dever islâmico, patriótico e moral". "Apesar da perda de
mártires e feridos, os crimes do regime golpista nos fazem insistir em
nossa rejeição a este governo", afirma o texto.
A organização Tamarod, que iniciou os protestos que levaram à queda de
Morsi, encorajou os cidadãos a formarem comitês populares para proteger
as ruas e os templos religiosos. Em entrevista à televisão estatal, um
dos dirigentes do grupo, Mahmoud Badr, afirmou que "há um grande perigo
para o povo egípcio" e, por isso, encorajou os cidadãos saírem às ruas
em comitês populares.
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